Em meio a uma investigação policial


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- O Senhor se chama Gustavo Augusto, correto?

- Sim, senhor detetive.

- Pois bem, o senhor mora no condomínio a muitos anos?

-Ah, sim! Faz uns quinze anos.

- O senhor, por favor, poderia descrever-me e comentar sobre a Srta. Caravlho, moradora do apartamento 501?

- Claro doutor.A Srta. Carvalho era uma daquelas mulheres gordas que possuem cães. Daquelas que dirigem com o cinto entre os seios caídos e com o cachorro no banco da frente. Chama-o de filho e é paranóica em relação ao bicho. Não se sabe quem é o animal da relação. Deve dormir com ele na cama. Como se não bastasse o cheiro de cachorro o qual submete a sua casa, transforma o seu cão em seu companheiro de cama. Espero que pare por aí. Afirmo com toda a certeza que ela tem sérios problemas afetivos. Uma vez ouvi que certas pessoas preferem cães a filhos. Coitados. Deve ter aquela coisa de submissão, de entrar em casa e ver um bicho abanando o rabo feliz da vida por te ver, pronto pra você, para dar carinho e atenção, em outras palavras, submissão. Crianças nem sempre são assim. E cães você adestra, humanos não. E tem gente que ainda chama o bichano de filho. De qualquer forma, creio que a Srta. Carvalho não tenha filhos, e se considere feliz demais com seu pseudo-companheiro canino.

“Ah! E ela é estressada. - Continuou - Deve ser coisa de mulher muito gorda. Daquelas que deve ser tão frustrada sexualmente que alivia sua tensão jogando-a no mundo. Briga com porteiro, zelador, garçom, gerente e quem mais errar qualquer coisinha na sua frente. Se ela diz que perdoa alguém se sente a madre Teresa de Calcutá. E ainda deve ser deprimida e chorar a noite porque não tem ninguém. Também, olha que mulher doida! Aí não arranja ninguém além do cachorro, até porque ninguém que faz tudo isso e o cachorro continua a dormir na cama dela. É dialético, entende?”

- Entendo, mas diga-me uma coisa Sr. Gustavo, você já conversou com a Srta. Carvalho, obteve mais intimidade com ela, visitou seu apartamento ou coisa desse gênero?

- Eu? Nunca.

- Então toda a sua suposição sobre a personalidade da Srta. Carvalho se deve ao fato de estar numa condição de obesidade e possuir um cachorro?

- Primeiro que não é só um cachorro, é um puddle, o mais neurótico dos cães. Sabe como é, o cão é a cara do dono. – Disse ele com um sorriso estampado como quem se considera dizer algo digno de um prêmio Nobel – E eu sou atualizado sabe? Sempre leio essas revistas semanais, sempre tem umas coisas legais de comportamento. Sou tão viciado em conhecimento que, ao fazer um teste, leio todas as respostas, não só a minha.

Após ter sentido vontade de chorar com a vulgarização da psicologia, o detetive agradeceu ao Sr. Gustavo pela cooperação, se retirou da sala e comeu um cachorro-quente.


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Eu

  • Um sujeito simples. Composto por vários apostos. Único.
  • Qualquer que seja a sua visão sobre mim não reflete na verdade quem eu sou. Será apenas mais um ponto de vista.

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