Ensaio sobre a lucidez

0 comments

Foi bom, foi interessante, mas já não quero mais por algum tempo. Ajuda-me a falar, e, a mim, é impossível não lembrar do poeta homônimo meu. Mas chega, pelo menos agora.

Uma das coisas interessantes é a minha capacidade de aumentar (ainda mais) uma total independencia dos anseios do outro. Não quero ouvir, saio. Ainda assim, como um pseudo "A" (vide psicanálise), desejo comentar coisas da fala do outro, suas contradições em seus infinitos discursos, mas não o faço, e isso é por um lado bom, já que eu não sou psicanalista e o outro não pediu ajuda ( ao menos de uma forma direta, já que reclamar sempre da mesma coisa, as vezes, pode ser um grande grito de socorro, as vezes é aquela coisa 'sou feliz quando estou triste'), mas enche o saco porquê as contradições me incomodam. Nesse estado, eu simplesmente viro as costas e deixo que outros venham ouvir aquele(a) que subiu no palco e quer todos ouçam.

Interessante também é a minha personalidade. Ela multiplica-se. eu diálogo comigo mesmo, e tenho total noção disso. É como se o meu ser consciente e o inconsciente conversassem como velhos amigos sobre o que está acontecendo. Ego e Superego talvez elucide alguma coisa, apesar de não necessariamente significarem de fato a realidade.

O que me incomoda é uma onda de culpa (por coisas que não tem nada a ver), paranóia e ansiedade que surgem algum tempo depois, sonhos bizarros ( e extremamente simbólicos) e momentos os quais eu, em outra condição mental, poderia ter controlado a situação.

Em pausa nesse aspecto.

|

Boas Novas

0 comments

As melhores noticias são aquelas que surgem num dia ensolarado, numa sexta feira silenciosa, num dia que aparentemente era como um outro qualquer.

Algo como um flerte imprevisto numa fila de cinema.

E isso prova a poesia que circula entre nós.

Amém.

|

O melhor de Malvados

0 comments

Para mim, se iguala a Mafalda e Calvin. E isso é um SENHOR status.










|

Impressões

0 comments

Impressionado com o tanto que eu escrevi agora, sem parar.

Impressionado que isso me faz muito bem.

Impressionado como eu não peço ajuda e não falo de mim mesmo.

Impressionado como eu não choro (sem ser filmes ou coisa assim) a aproximadamente 4 anos.

|

- Não foi de propósito.

- Eu sei, mas de qualquer forma, eu a perdi.

- Não fala isso – Ela abaixa os olhos, aparente confusa – foi algo que aconteceu naturalmente, não tive intenção, não foi premeditado... esse afastamento foi você quem aumentou.

- Talvez – Ele colocou a mão no queixo, como se reavaliando a situação num diferente ponto de vista – Mas imagine como eu fiquei. Posso parecer egoísta, mas a tinha. Não de uma forma possessiva, creio eu, mas sabia que poderia tê-la a qualquer momento...

- Ainda tem...- Disse ela interrompendo a fala

- Não, não tenho. Sou apenas um peão que você percebe quando não existem mais opções. Esse foi o momento de sua decisão. Você tem medo de perder, mas não sabe que já perdeu. Toma todas as suas alegrias só pra você, com quem lhe convém, mas quando está só, pensa em me ligar. Não serei só mais um qualquer.

- Eu nunca fiz isso!!! Pare de dizer bobagens! Você sempre esteve na minha ideia de pessoas mais queridas, mais amadas. Você... você fez tanto por mim.

- E ainda assim, fui rejeitado...

- Para... – Os olhos se enchem de lágrimas – Não diz uma coisa dessas... eu... eu...

- Você se foi.

- Não... Mas você queria toda a atenção, isso eu não pude, nem sei se posso dar...

- Então vá. Aquela que eu conhecia já morreu. Derrame suas lágrimas no ombro de outro, pois nos meus braços você não encontrará amor.

- Vai ser assim? Depois de tudo? De tantas palavras e elogios, de tantos agradecimentos? Eu pedi desculpa!

- E eu ouvi. E eu sinto dizer que fui sincero, mas se repetisse as mesmas frases agora, mentiria. Morreste. Vá com o seu companheiro até o fim do mundo, seja infeliz e perceba que o preço foi muito alto.

- Você mudou...

- Mudei também. Quem eu era morreu. Não vejo mais graça no amor. Não sei o que é estar bem, me decepcionei com o mundo, com as pessoas, comigo mesmo. Falavas mal de meus defeitos por minhas costas. Nunca te disse, mas eu sabia, chorava e entristecia, mas te amava. O cálice transbordou, e não tolero mais a sua presença.

E assim ela saiu. Triste. Excomungada por aquele que um dia amou, que estava irreconhecível. Se afastara, é verdade, mas ele não aceitou ser apenas “mais um”, queria ser o único. Ele se levantou. Chorava enquanto observava a penumbra noturna.

Dentro dele um turbilhão de emoções se debatiam. Raiva, medo, angustia, arrependimento, solidão, ressentimento, fúria, compaixão. Não sabia direito porque havia feito aquilo. Mas assim o fez. Antes de se sacrificar pelo outro, devia pensar em si mesmo, e foi isso o que fez. Apagou a luz, puxou a cadeira e apertou gatilho. Gostaria de fazer isso com várias outras pessoas, mas apagando a própria vontade, faria um bem maior. Ninguém havia dito que era tão frio por aqui...

|

Sempre que se encontrava irritada com algo agia assim. Pelo quarto andava de um lado para o outro, reclamando, fazendo indagações ou até mesmo repetindo frases desconexas de um aparente diálogo antigo. Eu a amava. Não em sua concepção romântica, ideológica, utópica e idealizada do amor, mas como algo que transcende a própria razão, sem excedê-la nem escravizá-la. Aqueles momentos assinavam a sua peculiaridade. Ela amarrava o cabelo, mantinha o dedo indicador erguido, como se dando ordens, seus lábios se contraíam, e somente quando em seu monólogo existia um silencio que durasse mais que alguns segundos eu deveria falar algo. Mas a não era uma situação a qual eu deveria pensar em soluções para os problemas os quais ela relatava com tanto furor, mas se tornava um exercício de escuta, de compreensão, de perceber o sentimento, de experimentá-lo. Então eu fazia piadas sobre a situação. Não desistia até que visse aquele sorriso que aos poucos se formavam dos lábios contraídos com tanta força.

Sempre fui um bom ouvinte, eu creio. As pessoas se comunicam através da entonação, das palavras, dos gestos e das expressões. Algo que considero essencial para de fato conseguir compreender o outro é me colocar naquela situação. O que para mim é algo banal, para o outro pode ser algo que ocasiona um enorme sofrimento. Mais empáticos e menos egocêntricos fariam do mundo um lugar melhor.
Aquele dia em especial ela estava extremamente irritada. Isso só acontecia quando uma série de coisas se acumulavam, ou algo que a muito tempo preso em sua garganta queria saltar e se libertar. No seu mundo de desabafos compreendi sua explosão.

- Seu cabelo está horrível; sua roupa está feia; você está mais gordo; sua pele está bizarra; seu dente está manchado; você está com olheiras; essa sua vida é fácil demais; o brinco não combina; esse óculos não tem nada a ver; se fosse eu no seu lugar; que idiota; tem uma espinha gigante aqui; isso é fácil, o que eu faço é que é difícil; o problema não é meu; faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço; eu não gosto disso...

Ela me olhou como quem quisesse que prestasse bastante atenção no que iria dizer. Tirei o sorriso, agora a coisa era séria.

- Vi, me fala, porque essas pessoas existem? Que droga, que saco! Sempre tem alguém que está sempre reclamando de alguma coisa. Quando tem, já não quer mais; acham defeitos em qualquer coisa.; comentam coisas desagradáveis para você, como por exemplo sua roupa, sem ninguém pedir a opinião; sem contar os que sempre que falam de alguém, tem que comentar algum defeito dessa pessoa.

Não sabia o que falar. Alguém a havia machucado feio. Por mais que eu quisesse, com uma ponta de curiosidade saber o que houve, precisava entender o sentimento dela. Aquelas frases me faziam pensar, e com certeza me lembravam algumas pessoas. Me parecia que todos esses comentários os quais ela criticava refletiam a insegurança das próprias pessoas que julgavam em sua falsa prepotência o desejo dos outros. No intimo desejo, muitas vezes inconsciente de se sentir melhor que outro, o critica. E como é extremamente irritante pessoas que se encaixam nessa categoria.

- “Não to falando mal, estou só comentando”, ou a “Era só para você saber”, são absurdamente irritantes!!! As vezes, acontece, realmente sem intenção. Não há problema. Mas há pessoas que SEMPRE fazem comentários maldosos e acham, muitas vezes engraçado ou “inocente”.
Ela havia parado de falar. A minha deixa.

- Pois bem, amor, o que se passou?

Ela me olhou com aqueles olhos grandes e lindos:

- Falaram que o meu cabelo estava feio.

Tão bela, tão sábia, mas ainda assim, mulher. Sobre os efeitos desses hormônios estranhos. Não tinha muita culpa. Falando tanto de coisas do comportamento humano, se deixou levar por um comentário que a comparava com um padrão estético ridículo, onde as pessoas deixam de ser alguém para se tornarem algo.

Ainda assim, seu sofrimento era grande, e palavras sinceras de amor a acalmaram. Não tinha o direito de cobrar dela uma consciência em todos os conceitos ideológicos a todo momento.Amava o seu jeito de ser imperfeita, e como eu gostava de me sentir útil. Houveram sim muitos momentos de briga e tensão, houve muito amor. O fim da história nem eu sei, mas sou eu quem escrevo a cada dia.

|

- O Senhor se chama Gustavo Augusto, correto?

- Sim, senhor detetive.

- Pois bem, o senhor mora no condomínio a muitos anos?

-Ah, sim! Faz uns quinze anos.

- O senhor, por favor, poderia descrever-me e comentar sobre a Srta. Caravlho, moradora do apartamento 501?

- Claro doutor.A Srta. Carvalho era uma daquelas mulheres gordas que possuem cães. Daquelas que dirigem com o cinto entre os seios caídos e com o cachorro no banco da frente. Chama-o de filho e é paranóica em relação ao bicho. Não se sabe quem é o animal da relação. Deve dormir com ele na cama. Como se não bastasse o cheiro de cachorro o qual submete a sua casa, transforma o seu cão em seu companheiro de cama. Espero que pare por aí. Afirmo com toda a certeza que ela tem sérios problemas afetivos. Uma vez ouvi que certas pessoas preferem cães a filhos. Coitados. Deve ter aquela coisa de submissão, de entrar em casa e ver um bicho abanando o rabo feliz da vida por te ver, pronto pra você, para dar carinho e atenção, em outras palavras, submissão. Crianças nem sempre são assim. E cães você adestra, humanos não. E tem gente que ainda chama o bichano de filho. De qualquer forma, creio que a Srta. Carvalho não tenha filhos, e se considere feliz demais com seu pseudo-companheiro canino.

“Ah! E ela é estressada. - Continuou - Deve ser coisa de mulher muito gorda. Daquelas que deve ser tão frustrada sexualmente que alivia sua tensão jogando-a no mundo. Briga com porteiro, zelador, garçom, gerente e quem mais errar qualquer coisinha na sua frente. Se ela diz que perdoa alguém se sente a madre Teresa de Calcutá. E ainda deve ser deprimida e chorar a noite porque não tem ninguém. Também, olha que mulher doida! Aí não arranja ninguém além do cachorro, até porque ninguém que faz tudo isso e o cachorro continua a dormir na cama dela. É dialético, entende?”

- Entendo, mas diga-me uma coisa Sr. Gustavo, você já conversou com a Srta. Carvalho, obteve mais intimidade com ela, visitou seu apartamento ou coisa desse gênero?

- Eu? Nunca.

- Então toda a sua suposição sobre a personalidade da Srta. Carvalho se deve ao fato de estar numa condição de obesidade e possuir um cachorro?

- Primeiro que não é só um cachorro, é um puddle, o mais neurótico dos cães. Sabe como é, o cão é a cara do dono. – Disse ele com um sorriso estampado como quem se considera dizer algo digno de um prêmio Nobel – E eu sou atualizado sabe? Sempre leio essas revistas semanais, sempre tem umas coisas legais de comportamento. Sou tão viciado em conhecimento que, ao fazer um teste, leio todas as respostas, não só a minha.

Após ter sentido vontade de chorar com a vulgarização da psicologia, o detetive agradeceu ao Sr. Gustavo pela cooperação, se retirou da sala e comeu um cachorro-quente.

|

Woody Allen = Deus

0 comments

‘Noivo Neurótico, noiva nervosa’ (Annie Hall). O melhor de Woody Allen.

Nunca vi alguém penetrar no âmago das relações com tanto humor e sagacidade. O cara é um gênio, e esse é um dos melhores filmes que eu já assisti na vida.

Nota 10 ( De um cara que é extremamente crítico com filmes).

Assista e encante-se. Torna ensolarado o dia mais cinzento (ao menos comigo, esse efeito se fez presente).

“Sabe aquela piada antiga?
Um cara chega para o psiquiatra e diz:
- Doutor, meu irmão é louco, ele pensa que é uma galinha
- Mas por quê você não tira essa idéia da cabeça dele – Pergunta o médico
- Porquê eu ainda preciso dos ovos.

Isso me faz pensar que é exatamente assim que ocorrem os relacionamentos. Eles são loucos, inconvenientes e sem sentido, mas ainda precisamos dos ovos.”

Trecho livremente adaptado do filme por mim.

|

A Nuvem

0 comments

Ao acordar, percebi o dia cinzento. No íntimo, não me agrada os dias mais cinzentos. Abri a janela e sussurrei:

- Céus, por quê hoje, com um sol tão forte acima de vocês, apresentam esta faceta melancólica, que não se deixa iluminar e remove das pessoas aquele gosto pela vida?

- Apenas acordamos tristes, sem motivo algum – respondeu a nuvem – ou talvez a ausência de um motivo seja a razão de nossa tristeza, mas não nos culpe por alterar-lhes o humor: quando estamos tristes, apenas mencionamos que todos possuem algo de triste, ainda que belo, ainda que muitos não queiram aceitar.

- Eu entendo. Meu dia também não começou às mil maravilhas. É um daqueles momentos que eu gostaria de chorar, mas as lágrimas emperram na garganta, causando-me uma impressão de apatia.

- Bem vindo ao nosso mundo. Somente choramos quando estamos com muitas lágrimas, de forma que não conseguiremos mais nos sustentar no ar com todo aquele peso. Devo assumir que chorar que alivia bastante nossa existência.

- E porquê soltam raios quando choram?

- Somos apenas bolos d´agua que quando nos abraçamos, choramos mais alto, de forma que todos ouvem nossos lamentos. O som do lamento, para muitos, é desagradável e para outros, assustador.

- Gostaria de gritar assim, e sentir tal alívio, mas não consigo. Penso demais, eu acho.

- Entristece-me tal afirmação. Quando foi a ultima vez que choraste?

- Alguns anos.

- Então saiba, que o próximo trovão que ouvires, estarei lamentando por ti.

E a nuvem começou a chorar.

|

Ato I Cena III

0 comments

Não... agente não pode, não deve...Quem disse? Eu quero e você também, Mas eu tenho medo... isso vai complicar tudo. Provavelmente, mas eu acho que eu gosto de coisas complicadas. [Ação indescritível].Você vai sumir de novo, como sempre faz? Você quer que eu suma? Não... fique aqui, assim, pra sempre. Então eu ficarei. Você sempre pergunta o que eu quero, mas o que você quer? quer ficar aqui? Assumo que esse anseio, esse desejo é novo para mim; o que eu quero mesmo é sentir esse calor gostoso da coberta por todo o tempo do mundo e mais cinco minutos.

E caíram nos braços de Morfeu. E ele viu que era bom.

|

Ceumar

0 comments

Duas músicas fantásticas interpretadas por Ceumar. Quem nunca foi em um show dessa mulher, desconhece a alegria se apresentando no palco. Quem nunca ouviu o CD, tem a chance de se encantar. Grande amiga do Zeca Baleiro, teve seus dois cds produzidos por ele, além de interpretara algumas de suas músicas.

Divirtam-se.



O Seu Olhar
Ceumar
Composição: Paulo Tatit / Arnaldo Antunes

O seu olhar lá fora,
O seu olhar no céu,
O seu olhar demora,
O seu olhar no meu,
O seu olhar, seu olhar melhora
Melhora o meu.

Onde a brasa mora e devora o breu
Como a chuva molha o que se escondeu.

O seu olhar, seu olhar melhora, melhora o meu.
O seu olhar agora, o seu olhar nasceu, o seu olhar me olha, o seu olhar é seu.
O seu olhar, seu olhar melhora, melhora o meu...




Festival tv Cultura. Ficou em segundo lugar. Pra mim ( para um público gigante indignado com o resultado), com certeza absoluta, foi o primeiro.

|

Eu

  • Um sujeito simples. Composto por vários apostos. Único.
  • Qualquer que seja a sua visão sobre mim não reflete na verdade quem eu sou. Será apenas mais um ponto de vista.

Last posts

Archives

Links




Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com