O Túnel, o Corredor e as Palavras Vazias

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E ali eu me encontrava. Cada palavra a mim dirigida soava como uma maça que me esmagava o peito. Pior que a dor é a sensação de impotência. O que dizer, o que comentar. As vezes a poesia se encontra no silencio, no não-verbal. Ouvia. Lágrimas caíram de seus olhos. Espero um pouco, deixe ele sentir e viver a dor. Um abraço. Sim, dói, mas o bom é saber que passa. Não é somente porque não se vê a luz no fim do túnel que a saída não existe.

Aquilo me tocou. Uma grande amiga também, mas traição tem comigo os seus limites. Viva a liberdade, mas saiba que existem conseqüências. Não necessariamente boas ou más. Apenas conseqüências a serem vividas, sejam elas aceitas ou não.

Porque quando a gente termina um relacionamento, mesmo sabendo que foi melhor, que não tinha condições para continuar, a gente continua pensando se foi a coisa certa a fazer? Porque quando bate uma saudade da companhia agente relembra as coisas de um maneira melhor do que elas realmente foram? Porque a gente só dá valor quando perde? Por que a gente chora e quer morrer? Os problemas que mais machucam não são aqueles que mais esperamos, mas aqueles que nos pegam de surpresa no domingo à tarde. É saber que alguém especial te traiu, morreu e ainda vive. Ao mesmo tempo.

O mundo esqueceu do que é o amor. Não que precisemos saber o que é o amor, pois, ao defini-lo, o perderíamos. Talvez tenha sido esse o nosso erro.

Ela dizia palavras e juras de amor. Prometia o mundo e mais um pouco. De repente, não prometia mais. De repente, não mais que de repente, acabou. Alguém disse que palavras de amor não são contratos e beijos não são promessas. Talvez. Mas isso não significa que se possa ser inconseqüente.

No fim, em menos de uma semana havia um outro amor, um outro ser perfeito que era maravilhoso. Meu amigo perdera a vaga para um fantasma que um dia ele fora. Palavras vazias encontraram um novo lar num coração que definhava em seus próprios pensamentos.

Isso vai passar. Ela vai se decepcionar novamente e a sua canção de amor nunca terá um ouvinte. Serão todos. Será ninguém. Meu amigo vai sobreviver. Vai viajar, conhecer gente nova. Vai se relacionar. Talvez dê certo, talvez não. Espero de todo coração que sim. Ele merece. Essas lágrimas vão secar. Me disseram também que quando alguém lhe fecha a porta, uma janela se abre. Eu diria que a angústia é quando se está no corredor.

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Alice e as Flores

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Alice possuía um único, pequeno, vaso. Em seu vaso havia uma pequena flor que crescera diante de um enorme carinho da garota, que a regava diariamente, punha-a ao sol para que se refrescasse e, algumas vezes, conversava com esta. Eram felizes, a flor e Alice, Alice e a flor.

Em suas caminhadas pela cidade Alice adorava passar por parques. Eram cheios de vida, de cheiro, de cor, de enormes diferenças, que em seu caos encontravam harmonia. E em cada cheiro, som e cor Alice se encantava. Como conseqüência de suas preferências Alice conhecia muitas outras flores, mas não podia levá-las para casa, pois havia apenas um vaso, e por motivos de força maior, possuir um segundo vaso era algo impossível.

A garota que amava a natureza então ganhou o hábito de não mais cheirar as flores que não fossem a sua. Não queria que esta se sentisse traída. Por vezes, avistava uma rosa ou jasmim de beleza tão estonteante que pensava em trocá-la por sua rosa, que agora não parecia tão mais bela? Mas fora o tempo que passara ou o olhar que mudou? Com atenção observava todos os aspectos das flores que parecessem mais belas que a sua, e, ao ver qualquer sinal que considerasse um defeito declarava com o peito estufado e em voz alta (provavelmente para que ela mesma acreditasse): “Essa flor não é boa o suficiente para mim. Tem espinhos. Minha flor é muito mais bela e me preenche muito mais do que qualquer uma de vocês”. E corria para longe do jardim.

Alice acreditava que se percebesse as virtudes de uma outra flor trocaria esta pela sua. Não poderia. Não deveria fazer isso com uma flor que há tanto tempo lhe fizera feliz. Permaneceu, portanto, fóbica. Um dia, parou de visitar jardins.

Algum tempo depois, observando o mundo de sua janela, Alice, vagando em pensamentos, não percebera a borboleta que lentamente se aproximava de seu nariz.

- Pequena garota dos olhos grandes, porque não mais nos visita? – Perguntou a borboleta, com uma voz fina, mas que ao mesmo tempo parecia cantar.

- Ó pequena borboleta não quero mais visitá-los, pois existem rosas em meu caminho – respondeu a garota com os olhos estrábicos para tentar observar a borboleta.

- E desde quando rosas são empecilhos? Penso nelas como algo belo. Não cultivas tu uma rosa em tua casa também?

- Mas tuas rosas têm espinhos. - respondeu-lhe.

- Eis que as rosas não são minhas, e a ninguém elas pertencem, se não a todos aqueles que as sentem. E não são os espinhos partes da própria rosa? O que denominas por rosa então? Somente as pétalas, o cheiro ou o que pensas ser belo? Digo-te: Tudo nela é belo, pois se algo lhe faltasse ou talvez lhe excedesse, não seria aquela rosa, única em meio a tantas flores.

- O que fazer em quando uma rosa é mais bela que a minha então? Desejo-a para mim, mas já possuo uma. Devo abrir mão do que já tenho por algo que em algum tempo não irei querer mais?
- A rosa pode ser mais bela que a tua, mas provavelmente não será melhor. Ainda assim, como saber o que é bom ou ruim se tudo o que olhas são pétalas e espinhos?

Antes que Alice pudesse responder a borboleta voou. Talvez tenha dito adeus, mas ela não ouviu.

Demorou algum tempo para que Alice visse as flores como flores. Não eram concorrentes de sua rosa, tampouco a soma de cores, caule, raiz e copa. Simplesmente eram.

E eram felizes. Alice e as flores. As flores e Alice.

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Holding

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Impressionante como é raro achar hoje alguém que saiba dar Holding.
E as vezes agente realmente precisa.

Semanas simplesmente maravilhosas.
Algumas decisões agora.

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A Poesia de se manter calada

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- Eu não gosto. É ridículo.

- Provavelmente você nem entendeu o que ele quis dizer...

- Claro que entendi, mas ele é tão determinista, reducionista...

- Agora eu tenho certeza que você está falando mal sem conhecer de fato o que foi dito.

- Me explique a teoria então, se você sabe tanto.

- Recomendo você ler, é muita coisa para ser dita assim, num diálogo.

- Não tenho tempo.

- Para falar mal você tem.

- Falar mal eu demoro alguns minutos. Para ler tudo isso eu precisaria de muitas horas. Por isso eu prefiro alguém me explicando.

- Então não fale nada. E o melhor: Não gasta tempo algum e, no seu caso, é pura poesia.

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Zé da Luz

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Poeta Zé da Luz, do início do século.
Adoro esse jeito dele escrever. Adoro Cordel.




As flô de Puxinanã
(Paródia de As “Flô de Gerematáia” de Napoleão menezes)


Três muié ou três irmã,
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.

A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.

A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.

Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.

A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.

Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.

Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.

Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!

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Notas

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- Se não falou comigo, não sabe de verdade. Se você não sabe, não me julgue. Se me julgar, é melhor eu não saber...

- Nããão me diga o que fazer por favor. As coisas não estão quebradas. Compreensão é a palavra chave. É Saber o que EU desejo fazer. Não sua concepção de bom, mal, ruim, certo, errado...

- Mombojó, Cordel do Fogo encantado, Teatro Mágico e Los Hermanos estão na nata da genialidade da musica brasileira.

- Definitivamente meu superego não gosta de mim.

- Viva o Behaviorismo!

- Muitos filmes esse fim de semana!

- Um dia de fúria é um ótimo filme! (assisti essa semana, acredita?)

- Porquê diabos agente aprende números imaginários na escola? SE ELES NEM EXISTEM!!!!

- Logarítimo entra na lista de "Coisas inúteis que aprendi na escola".

- Realmente eu amo pessoas que não ficam me dizendo o que fazer.

- Percebi que dizer ou ouvir "Mas" é horrível. Tira tudo que você já colocou na frase. Fica um negativismo absurdo. Tentando colocar "e". Exemplo: "Sandra ganhou o concurso de dança, MAS agora vai querer aqueles sapatos de R$300" -----> "Sandra ganhou aquele concurso de dança e ela deve saber como estou orgulhoso (enquanto faço cálculos mentais sobre como, de fato, ferrou se ela quiser aquele sapato". hauehauheuaheuhauh

- Ontem, passei um tempão com o meu irmão falando amenidades. Demais. Amo muito aquele cara. Fazia tempo que agente não fazia isso.

- Winnicott: O bom velhinho

- Pall Mall: O Cigarro da Melanie Klein

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Eu

  • Um sujeito simples. Composto por vários apostos. Único.
  • Qualquer que seja a sua visão sobre mim não reflete na verdade quem eu sou. Será apenas mais um ponto de vista.

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