O tormento de uma alma não tem peso, não tem cor, não tem bula nem remédio, não tem predicado nem sujeito. Simplesmente é. E o que causa tal tormento? Seria interessante culparmos nossos corações, fonte de nossos tormentos. Quem sabe a alma não seja mais apropriada? Mas não. Não existem culpados. Somos frutos de nossos desejos no mesmo instantes que desejamos. Somos a história, formamos a história.

Nostalgia do futuro. Não aconteceu. Não sei se irá acontecer. A inealinearidade do tempo se faz presente. Seria como algo que poderia ter acontecido. Coisas que deveriam ter acontecido. Ou talvez (não provável) virão a acontecer. Junto a lembrança vem com um sentimento de saudades, como se fosse algo perdido. Uma saudade tipo de momentos de infância, que já se passou, mas se abre um sorriso ao pensar. Como uma chance perdida, repleta de fantasias idealizadas de como seria “se...”. Tem o formato da idealização, da ilusão, ou seja, ganha de qualquer realidade.Pensar no “Quando...” também merece a mesma atenção.

Será que ela realmente existiu? Não era uma mera ilusão que a minha mente criou para que eu acreditasse no amor? Não. Foi real. E a lembrança me mata. E a saudade me mata. E o que podia ter acontecido me mata. E morrer de morte matada dói mais.

Ela tinha mania de amarrar o cabelo quando estava chateada. Roia unhas. Quando estava em conflito não conseguia ficar parada. Café com açúcar, por favor. Escritora. Leitora. Relaxa um pouco, ela dizia. Cantora. Compositora do meu sentir, do meu amar.

E hoje? Me percebo imaginando situações que eu imagino que aconteceriam. Um sessão de cinema, uma discussão. Uma viagem.

Amava o seu jeito de ser imperfeita, e como eu gostava de me sentir útil. Hoje, inutilmente construo histórias e fantasias. E sigo, com saudade do meu futuro presente.


Escrever ao som de 'Explosions In The Sky' é incrivelmente mágico.

Saudades.