Segredos. Até onde existem os tais segredos? Segredo que se guarda debaixo do travesseiro, que, à noite, assombra com sua descoberta. Devem permanecer encobertos. Mentira é feia e tem perna curta. Mentira. Talvez isso seja segredo, mas devo avisar que certos segredos mantêm-se por um longo tempo. Longo demais.

Não falo do que sinto, se sinto, não falo, minto. Escondo a verdade que dizem quando somos crianças. "A verdade é libertadora" dizem os pais com uma voz grave. Essa regra era, provavelmente, verdadeira dois mil anos atrás, mas creio que perdeu a validade. O que vale é o segredo. É vestir uma mascara, persona, ou como quiserem chamar.

A felicidade, é algo que talvez seja o sentido da vida, e esta, em sua magnitude, quebra quaisquer padrões de sombra e segredo que existam. Hoje, Aqueles que carregam no peito e assumem as falhas e acertos, ou seja, relatam sua condição humana, são admirados. O simples é admirado, a verdade e suas conseqüências também.

Então o desespero ocorre em meio a tanto jogo, manipulação. O tabuleiro treme quando as próprias peças não sabem quem são ou o que querem. Confundem a si próprias.

Pessoas que controlam outras, pessoas que não se controlam, pessoas que juram de pés juntos sua felicidade incondicional, pessoas que se forem descobertas em seus segredos, temem ver o mundo desabar. Pessoas que tem desejos secretos e, em algum momento, implodem.

A conseqüência de nossas próprias ações ou vontades será assim, tão ameaçadora? Será que depositamos demais nós mesmos no outro? Chega a ser estúpido. Faça. Não necessariamente grite por atenção. Tenha coragem e diga a quem quiser saber tudo o que quer, faz ou deixa de fazer. Mas nunca, nunca me coloque no meio de seus joguinhos.

Percebendo relações tão caóticas, perco a fé.

No fundo, já perdi faz tempo. Por isso que talvez eu tente, ao menos, compreender.

Mas continuemos a esconder muitas coisas, a projetar nossas angústias no outro, a viver com a insanidade que gera tanta angústia.

Nunca apreciei tanto a simplicidade das coisas.