Texto de aproximadamente 1 ano atrás


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- Não foi de propósito.

- Eu sei, mas de qualquer forma, eu a perdi.

- Não fala isso – Ela abaixa os olhos, aparente confusa – foi algo que aconteceu naturalmente, não tive intenção, não foi premeditado... esse afastamento foi você quem aumentou.

- Talvez – Ele colocou a mão no queixo, como se reavaliando a situação num diferente ponto de vista – Mas imagine como eu fiquei. Posso parecer egoísta, mas a tinha. Não de uma forma possessiva, creio eu, mas sabia que poderia tê-la a qualquer momento...

- Ainda tem...- Disse ela interrompendo a fala

- Não, não tenho. Sou apenas um peão que você percebe quando não existem mais opções. Esse foi o momento de sua decisão. Você tem medo de perder, mas não sabe que já perdeu. Toma todas as suas alegrias só pra você, com quem lhe convém, mas quando está só, pensa em me ligar. Não serei só mais um qualquer.

- Eu nunca fiz isso!!! Pare de dizer bobagens! Você sempre esteve na minha ideia de pessoas mais queridas, mais amadas. Você... você fez tanto por mim.

- E ainda assim, fui rejeitado...

- Para... – Os olhos se enchem de lágrimas – Não diz uma coisa dessas... eu... eu...

- Você se foi.

- Não... Mas você queria toda a atenção, isso eu não pude, nem sei se posso dar...

- Então vá. Aquela que eu conhecia já morreu. Derrame suas lágrimas no ombro de outro, pois nos meus braços você não encontrará amor.

- Vai ser assim? Depois de tudo? De tantas palavras e elogios, de tantos agradecimentos? Eu pedi desculpa!

- E eu ouvi. E eu sinto dizer que fui sincero, mas se repetisse as mesmas frases agora, mentiria. Morreste. Vá com o seu companheiro até o fim do mundo, seja infeliz e perceba que o preço foi muito alto.

- Você mudou...

- Mudei também. Quem eu era morreu. Não vejo mais graça no amor. Não sei o que é estar bem, me decepcionei com o mundo, com as pessoas, comigo mesmo. Falavas mal de meus defeitos por minhas costas. Nunca te disse, mas eu sabia, chorava e entristecia, mas te amava. O cálice transbordou, e não tolero mais a sua presença.

E assim ela saiu. Triste. Excomungada por aquele que um dia amou, que estava irreconhecível. Se afastara, é verdade, mas ele não aceitou ser apenas “mais um”, queria ser o único. Ele se levantou. Chorava enquanto observava a penumbra noturna.

Dentro dele um turbilhão de emoções se debatiam. Raiva, medo, angustia, arrependimento, solidão, ressentimento, fúria, compaixão. Não sabia direito porque havia feito aquilo. Mas assim o fez. Antes de se sacrificar pelo outro, devia pensar em si mesmo, e foi isso o que fez. Apagou a luz, puxou a cadeira e apertou gatilho. Gostaria de fazer isso com várias outras pessoas, mas apagando a própria vontade, faria um bem maior. Ninguém havia dito que era tão frio por aqui...


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Eu

  • Um sujeito simples. Composto por vários apostos. Único.
  • Qualquer que seja a sua visão sobre mim não reflete na verdade quem eu sou. Será apenas mais um ponto de vista.

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