Um Conto Geocêntrico


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Conto escrito em catarse, em 15 min, sem idéia prévia, mas que, de alguma forma, ficou muito especial para mim.
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No inicio era o verbo, uma explosão, muito carbono e um planeta azul. Depois vieram o sol e a lua, que, como a maioria dos relacionamentos conjugais, terminou em briga. O sol não aceitava reduzir o seu calor para que a lua se aproximasse mais; a lua não gostava nem um pouco de calor, estando sempre a reclamar. O relacionamento durou alguns séculos, mas metade do tempo foi elaborando o fato de que, inevitavelmente, eles terminariam. Então, próximo ao aniversário de nove séculos, eles romperam. Melhor agente passar um tempo sem se ver, Também acho, e assim fizeram.

Direitos iguais, doze horas para cada um, ou assim, foi o combinado. Em alguns momentos um tenta se aproximar um pouco mais pra ver se enxerga o ex-amante, aquele amigo próximo que fez-se distante, em algum lugar do outro lado do globo terrestre. Quase nunca se encontravam, mas, quando a saudade era imensa, eles ficavam cara-a-cara, sempre a lua bloqueando o rosto avermelhado e tenso do sol. Sempre discutiam e diziam um ‘tchau’ ríspido. Paravam de se encontrar, até o próximo eclipse.

Depois do término, uma flor específica percebeu gostar muito do sol, e não conseguia parar de fitá-lo. Uns dizem que esta ficou parecida com o próprio sol por causa do enorme período que passou observando-o, outros, mais românticos, dizem que foi uma homenagem ao amado. Durante anos e anos o sol sequer observou a pequena flor, até que um dia a percebera. De início ignorou, mas, depois, como sempre acontece quando ouvimos que alguém nos ama, ele começou a observar a flor com um outro olhar, um olhar de possibilidades, um olhar carinhoso.

Passaram-se mais algumas dezenas de anos e o sol continuava no mesmo impasse: acreditava amar a lua, apesar de ter noção que lembrava as coisas bem melhores do que elas realmente foram, mas não conseguia ignorar aquela bela flor, que cedia tanto carinho e ansiava tanto por seu calor, sempre a mirá-lo como o verdadeiro Apolo. Deu inúmeras desculpas a flor, disse-lhe que flores e astros não podem viver, Mas por que? Porque sim, ora bolas, Queres enganar-me ou enganar-te a si mesmo? E o sol apenas sorria.

E assim viveram, ou sobreviveram, o sol, a lua e o girassol, estando o último sempre a olhar o primeiro.

Mentira. Não foram felizes para sempre. Na verdade o sol acreditava que o girassol sempre estaria ali para acolhê-lo e amá-lo, enquanto ele próprio poderia nutrir sua paixão pela lua, e que esta, por fim, não amava ninguém, exceto o Mar, sempre a reluzi-la. Em um determinado momento o girassol, apesar de sentir um carinho enorme pelo sol, viu que alimentava uma ilusão como a madeira alimenta o fogo. Deixou-se amar e ser amado mais uma vez e conheceu o beija-flor, que a seu pedido, vinha beijá-lo todos os dias.

Basicamente o sol ficou isolado, em seu mundo das idéias, sendo o único a não seguir em frente, ansiando enormemente o próximo eclipse.

Fim do conto geocêntrico.



Um aviso: conto escrito a pedido de um grande amigo meu, isso mesmo.

Cláu e Rafa: apesar do recente término de vocês e do tema em vigência do conto, compreendo se você imaginarem que existe alguma coisa entre vocês e o conto acima. Sinto lhes dizer que não tem nada a ver com vocês, e o único personagem aí representado sou eu mesmo. Geralmente eu não me explico, mas senti que deveria, neste caso específico.


1 Responses to “Um Conto Geocêntrico”

  1. Anonymous Anonymous 

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Eu

  • Um sujeito simples. Composto por vários apostos. Único.
  • Qualquer que seja a sua visão sobre mim não reflete na verdade quem eu sou. Será apenas mais um ponto de vista.

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