Eu.
Quem sou eu?
Eis a questão. Saiu do ser ou não ser faz séculos. Ao menos para o meu “eu”.
Quem eu sou?
Aquele que cala;
Aquele que faz perguntas;
Aquele que não dá respostas;
Aquele que não pergunta se não quer respostas;
Aquele que não sabe lidar com o próprio passado;
Aquele que não sabe lidar com o passado do outro;
Aquele que queria não entender;
Aquele que não queria redescobrir a paixão;
Aquele que sempre ouve o ‘outro’ como libidinal, nunca o ‘eu’ como libidinal;
Aquele que some porque se cansou de ouvir o mesmo discurso;
Aquele que nunca soube a diferença do porque, por que, porquê e por quê, mas nunca parou de se perguntar;
Aquele que se sente muito, muito só, apesar de conhecer MUITA gente;
Aquele que não se sente amado, apesar de, racionalmente, saber ser;
Aquele que perde o tesão por causa do discurso cansativo e repetitivo do outro;
Aquele que não chora por não conseguir;
Aquele que ainda é humano;
Aquele que quer estar perto, mas se sente repelido;
Aquele que escreve por não falar;
Aquele que sofre ao não falar;
Aquele que imagina sofrer, caso fale;
Aquele que se cansa;
Aquele que sempre se descreve ao escrever;
Aquele que tem medo de si mesmo de vez em quando;
Aquele que consegue amar e odiar na mesma intensidade;
Aquele que ama a vida, apesar de saber não entender nada sobre ela;
Aquele que não gosta de ficar bêbado, pois a loucura o faz refletir sobre o que não quer;
Aquele que está pouco se fodendo para a opinião dos outros, mas se impressiona com a capacidade de rotulação destes;
Aquele que acredita que o amor verdadeiro se derreteu, mas ainda guarda uma esperança, só que esta morre um pouco mais a casda dia;
Aquele que se irrita imensamente com a capacidade das pessoas de colocarem a culpa em Deus, no outro e no acaso pelas consequências de suas próprias ações;
Aquele que acredita que todos deveriam ler Herman Hesse, na verdade, que todos deveriam ler mais;
Aquele que quer viajar, mas, provavelmente não vai;
Aquele que, após um milhão de adjetivos, supera em sua totalidade todos eles;
Aquele que considera a insanidade uma congruência;
Aquele que acha que olha com desprezo para o covarde e para o mentiroso;
Aquele que avisa: se perguntar, eu responderei, mas não mentirei.
Aquele que ouve incessantemente Billie Jean interpretada por Chris Cornell (obrigado Vitão);
Aquele que necessita sair daqui, pois as mesmas frases, das mesmas pessoas, me irritam;
Aquele que sente que deveria parar de escrever agora;
Aquele que assim o fará.
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